A revista Veja publicou edição especial no final de 2010 sobre sustentabilidade. Além de tratar da evolução do conceito e das expectativas em relação ao desenvolvimento econômico com baixo impacto ambiental, apresentou também várias empresas que estão apostando pesado em produtos e serviços sustentáveis.
A OMO, da anglo-holandesa Unilever, por exemplo, investiu pesado para criar um sabão líquido, que foi lançado em julho de 2010 no Brasil. A intenção, além de ampliar o mercado, foi criar um produto mais concentrado, que consome 81% menos energia, 62% menos água e que pode ser transportado em maior quantidade, o que reduz 76% da emissão de gás carbônico. Nos EUA o produto foi um sucesso. No Brasil, está enfrentando o hábito do consumidor, fortemente relacionado ao sabão em pó.
Thái Quang Nghiã, vietnamita que chegou ao Brasil fugido, fez uma grande aposta ao trocar a perseguição comunista em vigor em seu país por um espaço livre para se desenvolver. E ele, depois de lutar bastante para construir um espaço, fundou a Goóc, que produz 300 milhões de pares de sandália por ano usando 800 toneladas de pneus velhos. No ano passado, o faturamento da sua companhia foi de R$ 30 milhões.
Outro exemplo de visionários vem do casal Luiz Antonio de Pérola Galhardi, que investiu na produção de bucha vegetal, em Avaré, interior de São Paulo. Esperavam faturar R$ 12 milhões em 2010 com vendas ao Grupo Pão de Açúcar e Natura. A empresa Orgânica, fundada pelo casal, é um exemplo de trabalho coletivo, envolvendo outros pequenos agricultores vizinhos de seu sítio.
A TerraCycle, fundada em 2001 pelo americano Tom Szaky, já está em 11 países e a filial no Brasil é presidida por Guilherme Brammer. A empresa já emprega 127 mil brasileiros, que coletam 7,7 milhões de resíduos, como embalagens de salgadinhos, que viram capas de cadernos, bolsas e guarda-chuvas. Por trás da iniciativa há um conceito social, humanitário e muita criatividade.
A revista fecha com um projeto da Google, gigante da internet, que está investindo na construção de uma rede submarina de transmissão de energia eólica. A ousadia já é vista como o início de uma surpreendente revolução energética. São cabos submarinos para a transmissão da energia gerada por turbinas instaladas a milhares de quilômetros da costa, em fazendas eólicas. A parte inteligente do sistema é composta de um cabo principal do qual saem ramificações que se conectam a várias centrais transformadoras em águas rasas. Se o projeto der certo, será uma solução para a energia eólica produzida em alto mar.
Os exemplos são uma prova cabal de que não há mais tempo para desconfiar da economia verde. Pensar sustentável é se posicionar no futuro, respeitando uma tendência natural que visa reduzir a pegada ecológica provocada pela produção tradicional. Mas para isso, é preciso rever conceitos, se predispor às mudanças e estudar a viabilidade de novos projetos, voltados aos consumidores ecologicamente conscientes.